Valerie e sua semana de deslumbramentos

Mais uma obra do movimento tcheco dos anos 60/70: Uma garota que vive com sua avó tem sua menarca iniciando, assim, sua semana de deslumbramentos, a cena do sangue gotejando em pequenas margaridas é um dos indícios de que ela está se transformando em mulher, a margarida pode ser considerada a flor das donzelas, simbolizando a juventude, virgindade, o amor inocente e a sensibilidade.

Entramos em um universo onírico ao assistir a cada cena do filme, relacionando os diversos personagens com o cotidiano de Valerie a sua imaginação, é difícil encontrar a linha que separa a realidade do sonho, você deve estar disposto a encarar um filme sem linha cronológica, e aceitar cada informação. Aos poucos tudo vai se encaixando, e você passa a descobrir com Valerie muitas coisas, como a hipocrisia de um padre, a ideia de que uma senhora tem desejos, misturando a juventude com o prazer. Nessa aventura, Valerie é guiada por dois personagens opostos, um deles é uma espécie de monstro Nosferatu, e por seu amigo-irmão Orlík.

Além de encarar sua adolescência perante a sociedade o filme é profundamente de cunho familiar, o que Valerie conhece e desconhece sobre sua família tornam-se grandes questionamentos. A mente dessa menina se torna um lugar físico no filme onde ela pode habitar junto com todas as criaturas que conhece ou já viu alguma vez na vida, por exemplo, a estante de livros pela qual espiava sua avó permanece no seu subconsciente Além das margaridas, o maior símbolo de metamorfose feminina são os brincos que pertenceram à mãe de Valerie, uma mãe que não foi presente na sua caminhada. Como Dorothy de o mágico de Oz, Valerie estava sonhando o tempo todo, seu quarto e sua cama foram o palco de todo o espetáculo.